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Ao reencarnar, cada Espírito é submetido a um processo
hipnótico realizado por especialistas nas ciências psíquicas,
com a finalidade de adequar-se-lhe o patrimônio mnemônico
às necessidades do reinício, que deverá transcorrer, assim,
com maiores chances de sucesso. Na verdade, sem esse
esquecimento temporário, seria inviável a reabilitação da
maioria dos encarnados, que teriam presentes na memória
atual seus erros praticados contra os outros e contra si
próprios, além das injustiças reais ou supostas que teriam
sofrido. André Luiz afirma que quase ninguém suportaria
uma vida longa demais na atual realidade terrena, de planeta
de provas e expiações, em que preponderam os defeitos
morais, porque as lembranças amargas sobrepujariam as
cariciosas. Yvonne do Amaral Pereira afirmava que tinha o
triste privilégio de recordar-se de várias encarnações
anteriores. Todavia, sua situação era especialíssima, porque
as lembranças eram necessárias para o sucesso do trabalho
doutrinário que lhe competia, inclusive na elaboração dos
seus livros.
Há pessoas que gostariam de ter acesso ao próprio
passado remoto, o que, todavia, pode lhes prejudicar a
atuação na atual encarnação, pois, olhando para trás, correm
o risco de se perturbarem. O presente é que importa e os
orientalistas têm razão quando aconselham a valorização do
“aqui e agora”. Existe quem conserva com excesso de apego
papéis, objetos, relíquias e outras lembranças nem sempre
convenientes para eles próprios, bem como para eventuais
desencarnados que têm a ver com aqueles pertences. Imagine-se
a angústia dos personagens históricos com a idolatria de
admiradores fanatizados; dos que foram canonizados como
santos sem merecimento; dos que criaram em seu redor da
sua pessoa uma aura de superioridade ou negatividade, que
pode influenciar indefinidamente as personalidades
desequilibradas... Há casos de parentes desencarnados que
não conseguem se equilibrar pela emissão mental
descontrolada dos encarnados saudosos, vítimas da
inconformação ou da revolta...
O passado simplesmente passou e não deve ser
perenizado, conforme lição da Mãe de Jesus a Francisco
Cândido Xavier ao lhe enviar por Bezerra de Menezes uma
frase aparentemente simples, mas de imensa profundidade e
digna de reflexão permanente: “Isso também passa.” O
pensamento desequilibrado pode atingir seu alvo; a saudade
doentia pode desestruturar aquele que precisa de paz; os
objetos impregnam-se com o magnetismo de quem os possuiu
e quer esquecer o passado para se reformar moralmente.
Recomeçar sempre em bases mais saudáveis e elevadas:
esse o caminho, desvinculando-se do que prejudique a paz e a
reforma moral. O apego ao passado é prejudicial, tanto que as
reencarnações significam recomeços.
Somente os Espíritos Superiores têm condições de
suportar as lembranças de um período muito largo de sua
existência. Os encarnados que guardam uma tendência ao
saudosismo deveriam rever sua forma de pensar, para não
estagnarem enquanto tudo chama para a renovação e o
crescimento intelectual e moral.
Desapego de tudo e apego à Deus - Luis Guilherme Marques- Irmã Teresa